Terça-feira, dia 12 de Janeiro de 2016 Terça-feira da 1ª semana do Tempo Comum S. Bernardo de Corleone, rel., +1667, S. Bento Biscop, abade, +690
Comentário do dia São Jerónimo : «Vieste para nos perder?»
1 Sam. 1,9-20. Naqueles dias, depois de ter comido em Silo, Ana levantou-se e apresentou-se diante do Senhor. O sacerdote Heli estava sentado em sua cadeira, à entrada do templo do Senhor. Com a alma cheia de amargura, Ana orou ao Senhor, derramando muitas lágrimas, e fez o seguinte voto: «Senhor do Universo! Se Vos dignardes olhar para a humilhação da vossa serva, se Vos lembrardes de mim e não esquecerdes esta vossa serva, se lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor por toda a vida e a navalha não passará pela sua cabeça». Enquanto ela continuava a rezar diante do Senhor, Heli observou os movimentos dos seus lábios: Ana falava em seu coração; só mexia os lábios, mas não se ouvia a sua voz. Por isso Heli pensou que estivesse embriagada e perguntou-lhe: «Até quando estarás embriagada? Livra-te desse vinho». Ana respondeu: «Não, meu senhor; sou apenas uma infeliz. Não bebi vinho nem outra bebida que embriague; estava apenas a desabafar diante do Senhor. Não tomes a tua serva por uma vadia, porque o excesso da minha dor e da minha aflição é que me fez falar até agora». Então Heli disse-lhe: «Vai em paz e o Deus de Israel te conceda o que Lhe pediste». Ana respondeu: «Queira Deus que a tua serva encontre sempre em ti acolhimento favorável». A mulher foi-se embora, comeu e já tinha outro semblante. No outro dia, levantaram-se de manhã cedo e, depois de se terem prostrado diante do Senhor, voltaram para sua casa, em Ramá. Elcana uniu-se a sua mulher, Ana, e o Senhor lembrou-Se dela. Ana concebeu e, decorrido o tempo, deu à luz um filho, a quem deu o nome de Samuel, dizendo: «Eu o pedi ao Senhor».
1 Sam. 2,1.4-5.6-7.8. Exulta o meu coração no Senhor, no meu Deus se eleva a minha fronte. Abre-se a minha boca contra os inimigos, porque me alegro com a vossa salvação. A arma dos fortes foi destruída e os fracos foram revestidos de força.
Os que viviam na abundância andam em busca de pão e os que tinham fome foram saciados. A mulher estéril deu à luz muitos filhos e a mãe fecunda deixou de conceber. É o Senhor quem dá a morte e dá a vida, faz-nos descer ao túmulo e de novo nos levanta.
É o Senhor quem despoja e enriquece, é o Senhor quem humilha e exalta. Levanta do chão os que vivem prostrados, retira da miséria os indigentes; fá-los sentar entre os príncipes e destina-lhes um lugar de honra.
Marcos 1,21-28. Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Jerónimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, doutor da Igreja Comentário sobre o Evangelho de S. Marcos, 2
«Vieste para nos perder?» «Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro». Esse espírito não podia suportar a presença do Senhor; tratava-se do espírito impuro que tinha conduzido os homens à idolatria. […] «Que acordo pode existir entre Cristo e Satanás?» (2Cor 6,15); Cristo e Satanás não podem estar associados um ao outro. «Começou a gritar: "Que tens Tu a ver connosco?"» Aquele que assim grita é um indivíduo que se exprime em nome de várias pessoas; isto prova que tem consciência de ter sido vencido, ele e os seus. «Começou a gritar: "Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus."» Em pleno tormento, e apesar da intensidade do sofrimento que o faz gritar, não abandonou a hipocrisia. É forçado a dizer a verdade, o sofrimento a isso o obriga, mas a malícia impede-o de dizer toda a verdade: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno?» Porque não reconheces o Filho de Deus? Será de facto o Nazareno quem te tortura, e não o Filho de Deus? […] Moisés era um santo de Deus. E Isaías e Jeremias também o foram. […] Porque não lhes dizes: «Sei quem Tu és: o Santo de Deus»? [...] Não digas, pois: «Santo de Deus», mas «Deus Santo». Pensas que sabes, mas não sabes; ou, se sabes, calas-te por duplicidade. Porque Ele não é apenas o Santo de Deus, mas o Deus Santo. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário